Costumava ser meu amigo...

      Estranho ser estranha pra você, duas pessoas que se conhecem muito bem fingindo que nada aconteceu, assim dói menos. Dois estranhos conhecidos se olhando triste, e eu não aguento isso, mas me olhe assim do jeito que você quiser eu sei que fui um monstro, sei que nem mereço dizer seu nome em minhas preces, não mereço nem estar em seus pesadelos. Se um dia você me odiou e me desejou algum mal, ou esperou que o mundo desse voltas, então você estava certo, eu vou ter que conviver com a culpa de ter estragado o companheirismo de uma vida, de ter te machucado sabendo que você nunca mereceu pois tudo o que você fez foi me proteger e eu não soube valorizar, vou ter que viver a minha vida toda sabendo que eu sou seu monstro, vou pensar nisso todos os dias, e você... ah! Eu te conheço, você é forte, não vai pensar nisso, você vai viver, te vi sorrindo hoje e vai ser assim a sua vida toda, eu sei que não posso fazer mais nada pelo passado e se pudesse, faria mas posso preservar seu presente e seu futuro e simplesmente não participar da sua vida, me contentar em ser uma triste lembrança que você já perdoou e seguiu em frente, fico feliz por você.

Por mim, dentro de mim.

Eu quero as luzes de uma cidade grande, eu quero todos aqueles sonhos, sorrir enquanto me sinto eu mesma, sozinha, feliz. Olhar aquelas luzes por uma janela e sentir a dor de estar só, sem me culpar por isso afinal no fundo eu sempre soube que acabaria sozinha e tudo bem enquanto ser eu mesma baste pra mim. Olhar as luzes enquanto percebo que o tempo todo eu fiz da vida um sofrimento desnecessário perseguindo um sonho equivocado, voando pra longe pra finalmente perceber que eu sempre fui meu próprio sonho e então finalmente todas as impurezas do mundo por um segundo tornam-se irrelevantes, e todo o sofrimento fica para trás, eu achei a minha paz dentro de mim. 

Apodrecendo!?

Lidando com a morte enquanto respiro, lidando com a perda em meus caminhos, com a perda de mim mesma, crescendo e apodrecendo. Eu prometi que nunca me corromperiam e que eu jamais deixaria de acreditar, sinto dizer que essa guerra eu perdi pro mundo. Quando conhecia alguém que dizia “tanto faz” pra tudo ou que não se importava com nada achava que era um mecanismo de defesa desnecessário, mas em pleno século XXI voltamos as armaduras de ferro, olhando nos olhos através de uma grade de proteção, e ouso perguntar a você quem pode nos culpar? O mundo lá fora é horrível, as pessoas são loucas e nos fazem perder a sanidade também, viver dói e o amor está escasso, estamos todos nos matando em estado de abstinência, não aguento mais. 

   Longe

Olha só onde o tempo me trouxe, toda essa viagem pra no final perceber o que todos tem que saber antes de crescer de verdade, nem todos os sonhos se realizam, as vezes nenhum e talvez essa seja a triste beleza de sonhar tão alto, acabam sendo apenas lembranças de horas pensando em quão bom seria a vida se não fosse certas vezes tão injusta, maldito destino brinca com todos como se fossemos bonecos, nos leva pra longe de nossas esperanças, e parte nosso coração. Se anos atrás alguém dissesse que nada do que sonhei aconteceria, eu não acreditaria, diria que era forte o bastante pra conseguir, mas o tempo me mostrou o quanto é fácil ser fraca e o quanto é difícil levantar. Eu não estou vivendo meus sonhos de criança, e pra mim que pensei que viver fosse como nos livros de princesa, viver a realidade dói, mas é uma dor necessária, afinal não há outra alternativa, e eu cedi, sinto dizer que cedi... escolhi passar a vida presa em um escritório, presa em uma vida que eu não escolhi, longe de mim e dos sonhos que ainda estão aqui.